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O impacto da crise das grandes livrarias nos futuros escritores


Imagine que você está terminando seu livro. Os últimos capítulos se aproximam, a emoção aumenta e, com isso, a ansiedade de ver a obra publicada cresce na mesma intensidade. Em paralelo a isso, vem à sua mente a imagem da noite de autógrafos, pessoas comprando o livro, lendo-o no ônibus, nos parques e no café da esquina. Mas, em meio a esse turbilhão de emoções, o telejornal da noite anuncia: "Em crise, Saraiva e Cultura fecham diversas lojas por todo o Brasil". Uma ducha de água fria desaba sobre sua cabeça.

Nesses últimos meses, a situação financeira das principais livrarias no Brasil tem preocupado muitos autores, principalmente os escritores iniciantes que ainda não tiveram o primeiro livro publicado. E, de fato, é algo que causa incerteza, uma vez que as editoras, naturalmente, tendem a colocar o pé no freio de seus processos de avaliação e contratação de novas obras para publicação ao saberem que não devem receber tão cedo o dinheiro que as gigantes do varejo lhes devem.

Como estou há 15 anos nesse mercado, acompanhei a evolução dessa crise e, por isso, o anúncio não me causou surpresa. Mesmo porque meu contato próximo com as editoras me fez perceber que elas diminuíram muito o número de livros publicados de três anos para cá. Uma delas, inclusive, me revelou ter um plano de lançar 150 livros em um determinado ano. Ao final de 12 meses, a empresa havia publicado apenas 20 títulos. Tudo por conta do atraso do pagamento das livrarias e da dificuldade de reposição de estoques.

Infelizmente, acaba ocorrendo um efeito cascata pois as editoras têm um elevado nível de dependência das livrarias para venderem os livros que publicam. Conseguir uma boa editora para publicar um livro nunca foi algo simples e fácil, mesmo em um cenário econômico favorável.Então, nesse momento tornou-se mais difícil para um novo autor ser lançado por meio de uma editora.

Construção de sua marca pessoal é fundamental

Mas, futuro autor, como diz o meme: Keep Calm! Nesse momento, a maior estratégia para driblar essa instabilidade é investir na construção de sua marca pessoal. Hoje em dia, quando falamos de exposição ao público, já pensamos nas redes sociais. Dessa forma, o autor precisa trabalhar com empenho para construir a sua reputação no ambiente digital para formar previamente o público de leitores para seu futuro livro.

Tanto é verdade que, cada vez mais, as editoras valorizam e buscam autores que possuem visibilidade e um grande número de pessoas que os acompanhe online. É o caso, por exemplo, do fenômeno de youtubers e instagrammers. Ao lançar o livro de um autor que já tenha um vasto público que o siga, a editora garante de imediato um bom número de leitores para a obra e ao mesmo tempo minimiza o impacto da crise das livrarias.

Um exemplo é o da Nathalia Arcuri, fundadora do Me Poupe!, maior canal de finanças do mundo no YouTube. Hoje o Me Poupe! tem mais de 1,5 milhão de inscritos e é visto por mais de 8 milhões de pessoas por mês. Recebendo feedbacks de seus seguidores que precisavam de um produto com dicas para poupar, ela lançou no ano passado o livro “Me Poupe!: 10 passos para nunca mais faltar dinheiro no seu bolso”. A publicação é sucesso de vendas e figura, atualmente, em listas de mais vendidos.

A mensagem clara que deixo aqui para você, futuro autor, é: hoje, com a internet e as redes sociais, considero imprescindível você investir tempo e energia produzindo e compartilhando conteúdos (podem ser textos, vídeos, podcasts ou fotos) que agreguem algo de bom ao dia a dia de determinado público. Dessa forma, com paixão e paciência, ao longo do tempo o número de pessoas que te seguirão tende a aumentar e você se tornará uma referência para elas. Quando você for escrever seu primeiro livro, você já terá uma base consistente de potenciais futuros leitores para ele.

Publicação Independente

E aí você me pergunta: "Mas, Eduardo, como vou publicar meu livro se as editoras também estão em crise e se eu ainda não tenho uma grande visibilidade nas redes sociais?". Minha indicação como BookAdvisor é investir em uma edição independente: seja um ebook (livro digital) e/ou a produção de uma pequena quantidade de exemplares impressos.

Um bom exemplo de sucesso de uma publicação independente foi o vencedor de melhor livro no prêmio Jabuti de 2018. O jovem cearense Mailson Furtado de apenas 27 anos recebeu o prêmio pelo livro “À cidade”. Ao produzir um conteúdo consistente, original e autêntico e estudar um pouco sobre como trabalhar a divulgação de um livro, é possível, sim, você impactar os leitores e a crítica. Por isso a escolha da comissão avaliadora do Jabuti foi por uma publicação em que o próprio autor cuidou da edição completa de seu livro, inclusive tendo ilustrado a capa. No ano passado, ele enviou os arquivos de miolo e capa para uma gráfica, que imprimiu cerca de 300 cópias.

Viu só? Mesmo em momentos de crise é possível empreender com sucesso em um projeto e, ainda assim, realizar um sonho. O mercado editorial no Brasil está em crise? Sim, está. Mas por isso você vai desistir do sonho de escrever um livro? Claro que não. Com espírito empreendedor, criatividade e orientação adequada para buscar alternativas e oportunidades, você chega lá.

* Eduardo Villela é book advisor e, por meio de assessoria personalizada, ajuda pessoas a escrever e publicar suas obras. Mais informações em www.eduvillela.com

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